setembro 13, 2008

de pés frios.



quem sou tornou-se abstrato demais para ser entendido. olho no espelho e vejo alguém diferente, o rosto amortecido cada vez mais pesado como um fardo que não consegue se esconder sob mais nenhum pretexto. e mesmo as lembranças antes tão vívidas agora vivem apagadas e dissolvidas pelo tempo e pelos olhos que não brilham mais. A chuva começa a cair a fim de lavar a tarde morna e sem vida que se apossou de mim: queria ser feita de pó para os pingos tirarem um a um os pedaços, queria ser vento para cessar, queria ser feita de palavras e ser socorrida pela correcção imediata. queria ser muita coisa, mas vejo que já não o sou. O dia continua a se esgotar e nunca o barulho dos ponteiros foram tão altos. deitada na cama me dou motivos para abrir os olhos mas passo por eles como quem corre o fio do terço e o quarto escuro vai embalando-me com o som sincronizado de quem espera a morte chegar.

N.

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